domingo, 9 de setembro de 2007

Montevideu. Como 50 anos atrás.

Montevidéu tem cenários, costumes e hábitos que nos remetem ao passado glorioso da capital daquele que já foi considerado o país mais europeu da América do Sul. Os edifícios, os carros e, principalmente, o modo de vida tranquilo da população são uma instigante viagem no tempo.

Tudo começou quando pressenti que o avião já estava sobrevoando espaço aéreo uruguaio. A vista pela janelinha só oferecia campos e pastagens. Não se podia ver nenhuma elevação, serra ou montanha sequer. O Uruguai é um país essencialmente plano e que concentra mais da metade de sua população total na região de Montevidéu. O restante da pequena nação é esparsamente povoado.

Aterrisamos no aeroporto de Carrasco sob chuva. Como o aeroporto só tem um finger, que já estava ocupado, descemos no meio da pista e senti na pele o vento mais forte da minha vida.

Cheguei à Montevidéu por uma de suas famosa ramblas, as avenidas que costeiam o Rio da Plata. Ventava tanto que as ondas do rio pareciam de um mar bravo. No outro dia o Sol deu o ar de sua graça e pude sair para caminhar. A primeira imagem foi a do Palácio Salvo, imponente arranha-céu construído em 1925 que já foi o mais alto da América do Sul. O edifício foi erguido no local de uma confeitaria onde foi composto o famoso tango "La Cumparsita". Calma lá! A música símbolo da Argentina é uruguaia? Sim. Assim como Carlos Gardel. O único argentino mais famoso que Maradona nasceu, na verdade, no Uruguai.

Atravessando pelo Portal da Cidadela inicia a "Peatonal Sarandí", o mais importante calçadão da chamada "Ciudad Vieja". Na verdade, o centro histórico de Montevidéu está nitidamente deteriorado. As fachadas e sacadas dos prédios e casarões parecem prestes a desabar e os carros antigos que circulam pelas ruelas fazem parecer que estamos em uma cidade que parou no tempo, há mais de 50 anos.

Entrar em um dos "bolichos" da Cidade Velha nos faz deparar com móveis e geladeiras, talvez até mesmo os garçons, saídos de um antiquário. Quando eu tomava uma cerveja Patrícia num destes bares fiquei imaginando que meu avô deve ter encostado o cotovelo naquele mesmo balcão, há mais de cem anos. Sim, meu avô também era uruguaio, de Montevidéu.

A zona portuária é uma atração imperdível. Bem próximo da Cidade Velha, o porto ainda alavanca a economia da capital, sendo dalí que saem e chegam as balsas para Buenos Aires. Algumas barraquinhas para turistas, quinquilharias de artesanato e pedintes asolam as redondezas, mas o melhor ainda está por vir: o Mercado do Porto abriga os tipos uruguaios mais gaiatos que vi durante a viagem.

Dentro do mercado está a típica "parrillada", que comi enquanto bebericava o "medio y medio", bebida típica uruguaia, que é feita com, metade vinho, metade champagne. Me falaram tão bem dessa poção que, confesso, fiquei meio decepcionado quando bebi. Ficou a impressão que desperdiçaram dois excelentes ingredientes nesta mistura de gosto duvidoso.

Duvidosa também é a versão sobre a origem do nome da cidade. Dizem que, após entrar pelo Rio da Plata, no local estava a sexta elevação da costa, quando se contava de este para oeste. Ficando assim nos mapas espanhóis: MONTE, de Monte, é claro. VI, de sexto, em algarismos romanos. DEO, de este a oeste. Acredite se quiser.

Próximo ao aristocrático bairro do Prado está o Estádio Centenário, palco da primeira final de Copa de Mundo, em 1930. Lá a Celeste Olímpica conquistou o primeiro título mundial de futebol e na praça em frente ao estádio há uma estátua comemorativa da comquista da Copa de Mundo de 1950. Sim, nossos algozes eram uruguaios, mas isto também foi há mais de 50 anos.

Um comentário:

VF disse...

Olá emerson!
Obrigado pelo seu comentário e pela sua visita.
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PS: O seu blog é muito interessante!